No início de 2020, com o surgimento repentino da Pandemia de Covid-19, houve uma porta que se abriu de forma silenciosa e nos expôs a todos a um mar de casos de Saúde Mental. De repente, o confinamento imposto para travar a propagação do vírus traduziu-se num isolamento social com todas as consequências que isso trouxe.
Já encontrávamos em pleno período Pandémico quando percebemos que os jornais e telejornais noticiavam casos atrás de casos. Os problemas mentais graves atingiam qualquer um. Sem olhar à idade ou ao género, demos conta que este flagelo era transversal a toda a sociedade – dos mais famosos aos anónimos, alguns deles nossos amigos ou familiares. Todos sabíamos identificar um, dois, três ou mais casos de pessoas que estavam a sofrer. E neste turbilhão de sofrimento estavam aqueles com laços aos sofrem de doenças mentais, mergulhados num quadro de constrangimento que os impedia de exteriorizar para fora do seu círculo mais restrito a condição daqueles que sofrem. Este silêncio, não só mantém os problemas de saúde mental envoltos em preconceito como vem perturbar a procura de apoio e soluções adequadas, levando muitas vezes ao agravamento dos casos.
Mas não tem, nem deve ser assim. A Direção Geral de Saúde através do seu Programa Nacional para a Saúde Mental tinha de dar passos no sentido de inverter esta tendência silenciosa e tão prejudicial à sociedade. Havia que desmistificar e por as pessoas a falar, a perguntar e a ter curiosidade em querer saber mais sobre Saúde Mental. Havia a responsabilidade de passar uma mensagem de esperança. E é assim que em conjunto com a Filrouge nasce a iniciativa “Há Música ao Fundo do Túnel”.
A força desta ideia recebeu a aprovação imediata do Ministério da Saúde – DGS – Programa Nacional para a Saúde Mental e o apoio institucional do Ministério da Cultura.
Queríamos usar a energia da música ao vivo como o gancho que ia prender a atenção das pessoas sem que estas estivessem à espera – nas estações de Metro no Porto e em Lisboa. E assim foi. Um dos primeiros passos foi falar com os responsáveis dos Metros do Porto e de Lisboa que mostraram, desde o primeiro momento, uma enorme disponibilidade para acolher esta iniciativa nas suas estações. Seguidamente falámos com os nossos parceiros da “Produtores Associados” que ficaram encarregues de tratar de toda a logística associada ao lado do espetáculo – artistas, bandas, palcos, som e um sem número de tarefas efetuadas eximiamente para que esta ação fosse um sucesso. Uma dessas tarefas foi encontrar, em conjunto com a Filrouge, uma figura pública ligada à música e que de alguma forma já tivesse dado provas da sua sensibilidade ao tema. Reunida uma lista de possíveis candidatos a nossa escolha foi unânime. A partir daí era esperar que a pessoa em causa aceitasse ser a cara da ação “Há Música ao Fundo do Túnel”. E aceitou! Pouco tempo depois do convite a Cantora e compositora Márcia passou a ser a embaixadora desta iniciativa.
Foram dois dias onde aconteceram 18 concertos de música divididos entre 3 estações do Metro no Porto (Casa da Música, Bolhão e São Bento) e 3 estações do Metro de Lisboa (Cais do Sodré, Marquês de Pombal e Alameda). Nestas atuações estiveram envolvidos cerca de 50 artistas de vários géneros musicais no sentido de podermos chegar aos mais diversos públicos.
Foi muito gratificante perceber que durante os concertos conseguíamos animar todos aqueles que passaram pelos nossos palcos (músicos e passageiros dos Metros) e se deixaram tocar pela música, melhorando o seu dia e as suas vidas.
As reações dos utentes que passavam pelos nossos palcos eram as mais diversas e raramente indiferentes. Perguntavam o que era, onde podiam saber mais sobre Saúde Mental, dançavam, cantavam, aplaudiam e até houve mais do que um artista a receber uma “moedinha”.
Para que este evento pudesse chegar a um sem número de pessoas que naqueles dias não passaram pelas estações de Metro, implementámos uma ação de PR. Através desta motivámos reportagens do “Público”, da TVI e da RDP. Já nos canais digitais, para além da “Time Out” e do “Sapo Mag” a “Há Música ao Fundo do Túnel” foi divulgada em mais de 20 meios de comunicação.
Em termos de campanha, para além da divulgação nos Metros do Porto e de Lisboa, criámos uma página de Instagram que num primeiro momento apresentou a iniciativa e anunciou os artistas envolvidos. Já nos dias 28 e 29 à medida que as atuações iam decorrendo, esta página ia sendo atualizada, ao momento, com vídeos e transmissões em direto dos concertos. Criámos igualmente um Canal de Youtube onde estão os vídeos do evento.
Tanto a página de Instagram como o canal de Youtube, sendo excelentes instrumentos para veicular estes conteúdos, deverão agora começar a publicar ao longo do ano informações sobre Saúde Mental e a sua ligação positiva à música.
Neste momento a Filrouge está já a trabalhar na próxima edição e nas novidades que iremos introduzir na edição de 2022 da iniciativa “Há Música ao Fundo do Túnel”. Queremos que esta ganhe ainda maior notoriedade para que assim chegue a um número de pessoas também ele maior.
Há esperança. Há Música ao Fundo do Túnel.