Que “o mundo está em constante mudança” não só não é novidade como já faz parte da prateleira dos clichés. No entanto há momentos críticos (felizmente poucos) em que o mundo muda repentinamente. É o que estamos a viver agora.
O excesso de velocidade com que esta mudança surgiu e nos bateu é comparável a um acidente de carro onde ficámos, literalmente, encarcerados. Felizmente estamos bem, mas atónitos, a tentar perceber o que nos está a acontecer. Sabemos que vamos sair daqui, mas não sabemos bem quando e como. E já se fala de um novo normal.
E por se tratar de um fenómeno viral (ah, a ironia da metáfora) este contagia praticamente todas as economias a nível mundial. Desta vez não nos fomos a baixo sozinhos!
Mas voltando à mudança – entrámos num momento “game changer”. Como criativo publicitário vejo com bastante entusiasmo a rápida e consistente reação das empresas e marcas, nacionais e internacionais, ao contexto. De forma quase espontânea, muitas mostraram ser autênticas tornando-se mais relevantes aos olhos do consumidor.
Os exemplos são vários, no entanto destaco aqui as marcas que no início da pandemia mostraram ter alma ao usarem os seus próprios logótipos para promover a profilaxia através do afastamento social. Ou ainda, as que aqui alteraram as suas linhas de produção, fazendo um verdadeiro esforço de guerra para colocar no mercado produtos essenciais a este combate como viseiras, máscaras e álcool-gel.
Estes são posicionamentos sinceros que chegam aos consumidores e que vão recuperar ou refrescar a sua relação com estas marcas.
Esta é a oportunidade para se criarem laços mais fortes e genuínos. Quando olhamos para este problema podemos enfrentá-lo de duas maneiras: ou pensamos que, por ser grande, as nossas armas não o vão vencer; ou pensamos que, por ser grande, não há como falhar.
Quem está a escolher lutar por ser relevante nestes tempos de mudança e incerteza, melhor estará quando sair deles.
Os consumidores têm estado com tempo. Tempo para ver o que as marcas estão a fazer e tempo para ouvir o que estas têm para lhes dizer. Há um estudo* muito recente que indica que uma boa percentagem de consumidores passou a comprar marcas diferentes das habituais durante o confinamento das últimas semanas. Tudo isto porque foram inovadoras ou empáticas na forma como estão a atuar neste contexto de pandemia.
E aqui no nosso mercado? Quem são as marcas que estão em “isolamento comercial” e quem são as que estão a ganhar a confiança e o respeito dos consumidores, aproveitando o momento?
Pedro Mota Vargas
*Edelman – Brand Trust Research